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segunda-feira, junho 12, 2006

Álbuns de topo • Asia - Aria


1994 deu a conhecer ao mundo o segundo álbum da chamada segunda Era dos Asia.
A banda de Heat of the Moment, um dos grandes êxitos da década de 80, fora formada por grandes nomes pertencentes a bandas do prog-rock dos seventies, tendo juntado Steve Howe (guitarra), Carl Palmer (bateria), John Wetton (voz e baixo) e Geoffrey Downes (teclas).
No início dos anos 90, após três álbuns de estúdio e um ao vivo com relativo sucesso, a banda fragmenta-se, saindo John Wetton que seria então substituído por John Payne na voz e baixo. Palmer e Howe participam ainda no álbum Aqua mas, neste seu sucessor, são Al Pitrelli (mais tarde guitarrista dos Megadeth, entre 2000 e 2002, e que tocou com muitos outros grupos conhecidos) e o baterista Michael Sturgis (que tinha entrado como convidado em Aqua) quem toma conta das hostes.
Talvez por influência de Pitrelli, talvez pela saída de Howe (ou talvez pelas duas coisas), o que é certo é que Aria tem um som a puxar muito mais para o tradicional hard-rock que para o rock-progressivo a que os Asia nos tinham habituado. Mas não é por isso que deixa de ser um excelente álbum. Não confundamos a mudança de estilo com perda de qualidade. Muito pelo contrário, o que vemos é que o hard-rock, quando ajudado por influências progressistas, cria grandes obras, como é o caso. Aliás, o álbum peca apenas por ser, eventualmente, um tudo-nada pequeno (mais uma ou duas músicas e seria perfeito). No entanto, para o estilo de música que é, muito mais que os seus 50 minutos tornar-se-ia excessivo e comprometeria o equilíbrio do álbum. E falando de equilíbrio, é este um dos pontos fortes de Aria.
Apesar de os primeiros segundos de Anytime darem um início relativamente suave ao disco, a música depressa ganha força e ritmo, o que se pode atribuir à voz de Payne e à batida forte de Sturgis. Depois de Are You Big Enough?, que mantém a batida num compasso forte, e da grandiosidade de Desire (com um grande solo de guitarra), o ritmo suaviza um pouco com a semi-balada Summer, sendo esta talvez a música mais simples de todo o álbum. Sad Situation, com uns coros de uma harmonia sublime, e Don’t Cut The Wire (Brother) trazem-nos de volta os ritmos mais fortes e acelerados.
E eis que chegamos à peça central e um dos pontos mais altos do disco: Feels Like Love. É, simplesmente, uma das baladas mais poderosas que já ouvi. O início não deixa antever o que aí vem. O que a princípio parece ser apenas mais um típico slow de rock revela-se uma música verdadeiramente bombástica, com uma construção fenomenal e com a voz de John Payne no seu mais alto nível. É, sem dúvida, uma das melhores desta Era dos Asia.
Depois de ficarmos completamente sem palavras perante Feels Like Love, Remembrance Day não nos deixa recuperar o fôlego. É a música mais pesada do álbum e, porventura, aquela em que Al Pitrelli mais dá um ar da sua graça. Seguem-se Enough’s Enough e Military Man: ambas retomam um compasso mais mediano, semelhante aos das primeiras músicas, e são as faixas em que o trabalho de Geoff Downes é mais notado, sendo que o início de Military Man lembra muito as músicas da primeira fase dos Asia. Para terminar o álbum, nada melhor que o épico Aria, com os seus sons orquestrais e em que, mais uma vez, a voz de Payne se mostra com toda a sua força.
Resta dizer que, apesar de passar despercebido durante grande parte do álbum, quando ouvido com mais atenção, nota-se que o trabalho de Downes tem mais relevância do que ao início parece. E, apesar da saída dos membros originais, a voz muito característica de John Wetton teve um substituto à altura através de John Payne, possivelmente o vocalista com uma das vozes mais fortes do rock actual.
Finalizando, temos um álbum em que se nota toda a qualidade dos grandes músicos que nele participaram, em que o contributo de cada um faz a diferença, não havendo, no entanto, predominância de nenhum deles sobre os outros, o que resulta num conjunto de músicas extremamente harmonioso da primeira à última.